o olhar demorado prometia não ser a última vez, mas foi.
ontem meu dia não foi dos melhores, eu cheguei do trabalho com vontade de ser produtiva, fazer algo pra me animar, então coloquei músicas pra tocar enquanto arrumava o quarto. algumas músicas realmente me animaram, cheguei a cantar junto, até chegar nas músicas que me fizeram lembrar você... e eu chorei.
eu não queria chorar, não por você. poderia ter chorado por meu dia ter sido um caos, ou qualquer outro problema mais recente, mas eu chorei por você, por lembrar de você, por lembrar que tudo acabou de uma maneira estranha, nada foi resolvido, e por isso um vazio ainda toma conta de mim, e por isso ainda tenho vontade de chorar quando penso em você, em nós.
terminei de arrumar o quarto no silêncio, corri pro chuveiro e chorei tudo que tinha pra chorar. não fiz mais nada depois disso e assim como as lágrimas, os planos foram ralo abaixo. eu não estou nos meus melhores dias e qualquer coisinha me faz chorar, não se sinta especial por isso.
bianca dias; nevalisca.
Tem partes da minha vida que nunca deixo desenvolver porque eu sempre estou esperando a morte com essa minha saúde infernal que me suga a energia até o último. Eu sempre penso que não aguento mais e sigo aguentando, aí eu não vivo e não morro, é uma bosta.
Reclínios.
"Romantizo tudo o que está à minha volta, não porque minha vida é romântica, mas sim porque é isso que nela falta. Gosto de observar detalhes, detalhes que ninguém mais nota, porque é assim que sou, um pequeno detalhe que sequer são capazes de olhar e admirar. Mas tudo bem, foi romantizando e observando que consegui ter forças. Não olhei apenas o que me ocorreu, mas olhei por toda a sua volta e assim me fiz viver por mais alguns dias."
-passosnaareia
Come back to me
“Helena, hoje pensei em te ligar porque vi um filme em que o casal funcionava em tudo menos em ficarem juntos, pensei que talvez você entendesse melhor que eu essa conversa toda de amar e ser amado porque discutíamos muito sobre o que seria ser amado ou de fato estar amando, agora vejo que esse assunto, assim como o filme, é tão banal. Na verdade queria ouvir sua voz, faz um tempo que não me lembro do sotaque do sul, às vezes quando estou conversando com alguém e essa me diz algo que seria exatamente o tipo de coisa que você diria, vejo que não desapeguei de fato de sua pessoa. Você me encheu de verdades na nossa última ligação, pensei que estava chateada comigo porque tenho essa mania teimosa de dar como resolvido problemas que nunca foram se quer tratado. Mas você me disse que sentiu saudades do meu humor ríspido pela manhã e do meu jeito de enxergar as coisas como fúteis, disse que sou do tipo que não levava a sério nada porque nada era tão sério que valesse minha atenção, não sei se isso deveria sair como um elogio ou se eu deveria sentir orgulho de mim mesmo, mas estou. Afinal, como vai seu novo romance? Estou querendo escrever um novo livro, mas me falta tudo, tempo, paciência, silêncio e amor. Silêncio é o que mais tenho falta, minha vida não tem paz, mas não vou lhe ocupar com meus pecados, sinto falta do seu silêncio nas conversas, me ligue sempre que quiser, você sabe que estarei sempre ao seu aguardo, com amor Fernando.”
— Cartas para Helena.