Come back to me
“Helena, hoje pensei em te ligar porque vi um filme em que o casal funcionava em tudo menos em ficarem juntos, pensei que talvez você entendesse melhor que eu essa conversa toda de amar e ser amado porque discutíamos muito sobre o que seria ser amado ou de fato estar amando, agora vejo que esse assunto, assim como o filme, é tão banal. Na verdade queria ouvir sua voz, faz um tempo que não me lembro do sotaque do sul, às vezes quando estou conversando com alguém e essa me diz algo que seria exatamente o tipo de coisa que você diria, vejo que não desapeguei de fato de sua pessoa. Você me encheu de verdades na nossa última ligação, pensei que estava chateada comigo porque tenho essa mania teimosa de dar como resolvido problemas que nunca foram se quer tratado. Mas você me disse que sentiu saudades do meu humor ríspido pela manhã e do meu jeito de enxergar as coisas como fúteis, disse que sou do tipo que não levava a sério nada porque nada era tão sério que valesse minha atenção, não sei se isso deveria sair como um elogio ou se eu deveria sentir orgulho de mim mesmo, mas estou. Afinal, como vai seu novo romance? Estou querendo escrever um novo livro, mas me falta tudo, tempo, paciência, silêncio e amor. Silêncio é o que mais tenho falta, minha vida não tem paz, mas não vou lhe ocupar com meus pecados, sinto falta do seu silêncio nas conversas, me ligue sempre que quiser, você sabe que estarei sempre ao seu aguardo, com amor Fernando.”
— Cartas para Helena.
“Escrevo-lhe com sinceridade, na certeza de que você lerá minhas palavras e compreenderá, pelo menos em parte. Desejo ardentemente um café distante da cidade grande; preciso, com urgência, de um café longe da agitação urbana e de uma tarde de conversas intermináveis com você, se possível. Seria um alívio poder, mesmo que por alguns momentos ou horas, fingir que o mundo externo é apenas uma possibilidade e não uma realidade insuportável.”
— Cartas à Cidade de Ana.
não te pedia para estar pronto,
eu também não estava.
eu pedia que sua coragem
e seu amor por mim
fossem maior do que seu medo.
mas não era.
Meus dedos atravessando, delicadamente, todas as camadas da sua pele. A minha língua sentindo, suavemente, todas as texturas do seu corpo. As minhas mãos segurando, fortemente, todas as marcas dos seus ossos.
Eu vou te amar como quem mata a sede após atravessar um deserto
“Catarina, tenho sonhado propositalmente com você. Pensar em você faz a vida parecer fácil de se viver, e eu penso demasiadamente. Tenho criado inimagináveis cenários no qual eu te encontro numa avenida qualquer, e caminhamos sem rumo e conversamos muito sobre coisas improváveis e impossíveis. E por falar em impossibilidades, não se apaixonar por você é uma delas, Catarina. Minha garganta anda seca, e eu tenho bebido muito para suportar a rotina e as obrigações insuportáveis, e eu ando querendo desistir de tudo e pegar o próximo trem e ir ao seu encontro e te ver, e namorar até tarde debaixo de uma sete copas e ver o sol se pôr e descobrir qual o perfume que você banha o teu corpo. Catarina, você foi a melhor coisa que o meus olhos viram em vida. E o que sinto por você é genuíno, aqui te confesso paixões guardadas a sete chaves de um coração cansado e triste dessa vida, mas com um espaço para receber também dos seus afetos. Quando eu te peço para me contar algo eu quero saber no fundo se você também anda pensando em mim, e se também sente o que ando sentindo. Catarina, você também escreve confissões de amor e não me envia? Eu torço para descobrir que você guardou declarações de amor para a minha pessoa, mas torço também para que você leia as que eu tenho guardado para o seu coração. Essa, por exemplo, não chega nem perto do que ando escrevendo em segredo para você, são cartas íntimas que desmascaram o meu coração e desejo, cartas que fariam você corar e talvez, talvez, sorrir como sinal de reciprocidade.”
— Catarina.
@madeinvila