Entre fases, silêncios e recomeços. Um diário sem nome sobre viver com TAB e sentir o mundo em tons que nem sempre combinam. Se você se reconhecer, senta aqui comigo.
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Hoje é domingo. Mais um.
Amanhã eu volto ao trabalho depois de cinco dias em casa, tentando me recuperar fisicamente — mas o cansaço que pesa mesmo é mental.
Foram cinco dias de silêncio, de pouca interação. Além do meu marido e uma amiga com quem conversei online, não vi mais ninguém. E mesmo assim, me sinto exausta. A ideia de voltar a um ambiente onde preciso me mostrar bem, simpática, sorridente, quando tudo que eu queria era só existir… é sufocante.
Não é que meu trabalho seja horrível. É que o esforço de colocar uma máscara e agir como se tudo estivesse normal me consome. Sorrir por educação, puxar conversa por obrigação, ser agradável quando tudo que queria era o direito de ficar em paz, na minha, com meu silêncio e minhas pausas.
Sei que vão perguntar se estou melhor. E também sei que a maioria nem espera a resposta real — é só uma formalidade disfarçada de cuidado. E tudo bem, talvez não caiba às pessoas realmente se importarem. Mas isso também machuca.
Hoje vai ser mais uma daquelas noites em que o sono não vem. Em que a ansiedade aperta o peito e os pensamentos viram uma enxurrada difícil de conter. E sei que, amanhã cedo, estarei mais cansada ainda.
Mas mesmo assim, vou levantar. Como sempre faço. E isso também é resistência.
Fora de sintonia
Acordei um pouco mais disposta hoje.
Mas fiz a extração do siso e qualquer esforço vira dor. É como se meu corpo dissesse “espera” enquanto minha mente grita “vai”.
É estranho querer fazer mil coisas e, ao mesmo tempo, não conseguir sair do lugar.
Me sinto inútil… mesmo sabendo que descansar também é cuidado.
Estou tentando aceitar que, hoje, isso é o que posso oferecer. E talvez já seja o suficiente.
Eu precisava escrever em algum lugar!
Eu não sei exatamente por onde começar.
Só sei que precisava de um lugar que fosse meu — e, ao mesmo tempo, de ninguém.
Recentemente fui diagnosticada com transtorno afetivo bipolar (TAB). Talvez você saiba o que é, talvez não. Eu mesma ainda estou aprendendo.
Hoje estou numa fase depressiva. Dura. Difícil de explicar. É como estar dentro de um quarto escuro mesmo com a janela aberta. Me sinto pesada, desconectada e, muitas vezes, sem conseguir me reconhecer.
Criei esse espaço como tentativa de colocar pra fora o que me atravessa. Sem filtro. Sem explicações técnicas.
Eu não sou psicóloga, médica ou especialista em nada além do que vivo aqui dentro.
Mas se alguém chegar até aqui e se sentir um pouco mais compreendido, já valeu.
Pode ser que eu fale sobre a rotina. Pode ser que só escreva coisas soltas. Pode ser que suma por uns dias.
Esse é meu jeito de resistir — escrevendo, sentindo, tentando entender.
Se você também estiver tentando, fica à vontade pra ficar.