plants 🍃
x - x / x - x / x - x
Se eu pudesse apenas cair nos braços de um anjo que me chamasse de amor, não me importaria com as asas dele
se voamos alto, ou despencamos do céu, eu não ligo
se meu anjo me ama, então eu iria ao inferno com ele.
se ele me tocasse o coração, não me importaria se caissemos, eu aproveitaria a queda
nos braços do anjo certo, a maior queda talvez pudesse ser a mais linda viagem.
Stéphanie de Malherbe, La Chartre sur le Loir, Pays de la Loire, France. I don't know what love is, nor could I define what I feel for you. But it's better than being alone.
eu caí andando de bicicleta algumas vezes, e por isso não quis mais andar, não foi a primeira queda, e eu sei que não vai ser a última, mas meu último tombo foi feio, eu não quis mais... eu não consegui mais. eu preferi ir caminhando, eu preferi nem ir, aqui em casa é mais seguro, o caminho não é tão perto pra ir a pé, e eu não quero cair de novo, eu não quero me machucar outra vez, sabe? eu tô mancando até hoje. e tava bom assim, eu me acostumei a pegar uber, andar de ônibus, a pé, eu ia de qualquer jeito (não muito longe), mas nada é igual a bicicleta, a sensação de pedalar, de fazer um esforço pra chegar aonde tanto quero, de sentir o vento no caminho, de ver tudo mais de perto e mais colorido... eu sinto falta de andar de bicicleta. MAS NÃO, EU NÃO CONSIGO. toda vez que penso em subir, o medo me apavora, eu saio correndo, e ela fica ali pegando poeira, ela deve sentir minha falta também, eu andava de bicicleta como ninguém, e eu já fui tão longe com ela antes de cair (tinha as melhores paisagens). já faz um tempo que tento me aproximar dela, dei uma limpada, ela fica ali me encarando, com um cara de quem diz "eai, não vai subir?" eu vou, calma aí! mas será que eu tenho força pra pedalar? eu ainda tô mancando :/, e ela me diz que eu consigo se eu tiver cuidando dos ferimentos da última queda, e eu tô (diga-se de passagem, tem alguém me ajudando com eles). mas, eu ainda sei me equilibrar? e ela me diz pra eu começar de vagar, como se fosse a primeira vez, eu não preciso ter pressa, pode ser que coloque as rodinhas de volta, e ta tudo bem, vamos aos poucos (pode ser que alguém me segure por um tempo).
eu não sei quando vou conseguir pedalar tão confiante de novo, nem me equilibrar tão bem, mas agora eu tô quebrando as pequenas barreiras, meu machucada não dói mais como antes, acho que já tô andando bem. fiz as pazes com a bicicleta, ela parece me entender, e respeitar meu tempo, ela sabe que daqui a pouco eu vou pedalar... é que alguém me chamou pra um passeio, eu disse que iríamos, só que ela também caiu de bicicleta :/ mas ela disse que tudo bem, a gente vai assim mesmo, empurrando as bicicletas por enquanto, conversando sobre as quedas, e cuidando dos machucados, e quando estivermos prontas, a gente vai pedalar até aonde a nossa estrada nos levar.
eu não quero ser estagnação, mas tô presa aqui
num restaurante, com meus medos me olhando de cima a baixo
esperando não sei o que, não sei quando, mas no aguardo
tudo grita solidão, eu finjo ser liberdade, mas liberta de que?
eu mesma me saboto, nesse restaurante tudo é caro, eu nem posso pagar pelo que consumo, pago com a dor
eu não sei porquê não consigo sair daqui, não me faz bem
eu revivo cada momento, cada sentimento
de vez em quando alguém vem me visitar, geralmente eu gosto, menos quando vai embora, eu pago dobrado
a gente pediu um prato pra dois, mas só eu comi, eu sempre pago o dobro
ainda assim, "é liberdade!" eu grito, "eu escolhi o restaurante por livre e espontânea vontade, a hora que eu quiser eu vou embora"
mentira, eu escolhi ir lá, mas não consigo sair, é solidão mesmo
eu e meus medos, sentados aqui nessa mesa, no mesmo lugar, esperando não sei o que, não sei quando
revivendo tudo, com medo de ir embora e a visita aparecer e não ter mais o prato pra dois, pra de novo só eu comer
de novo
tu olha com esses olhos de lua minguante, esse sorriso de orelha a orelha, e eu não lembro pra onde tô indo, perco o rumo na tua beleza
e tu insiste em dizer que eu tô linda hoje, pra não sumir, que acha bom eu ir até você, eu vou correndo
tu me diz que quer de novo, me procura e depois some, eu não entendo, mas te espero, você volta, você sempre volta, com os mesmos olhos, com o mesmo sorriso, eu perco o chão e o ar, me falta o que falar, mas meu silêncio diz tudo.
e se você pudesse escutar meu silêncio, ele te diria "eu vejo você longe e quero você perto, você já me tem, seja minha também" eu tô gritando pra ser tua, pra você me sorrir a vida toda, e me deixar descobrir o mistério desses olhos.
não some de novo, eu sei que você vai voltar, então por quê não fica aqui? traz suas coisas, suas dores, suas angustias, me deixa cuidar das suas inseguranças, vem morar no meu peito, eu prometo que te faço feliz
M5, Star Jewlery Box
No one deserves depression and unhappiness. Evgeny Lushpin Fine Art