entrelaçada à figura loira como se ele fosse a última barreira entre ela e a ruína de sua sanidade , com as íris semicerradas observou camilo cobrir a distância entre a mesa que ele invadira e o palco . seus lábios retorciam-se em uma expressão nula — não permitiria que ele notasse a diversão que escondia em seus olhos ou a excitação que desafiá-lo provocava em sua natureza competitiva . respostas positivas , até o momento em que as palavras dele a atingiram . é claro que camilo recorreria a artimanhas para garantir uma vitória injusta , como ela poderia ter esperado algo diferente , por um segundo sequer , era uma reflexão de ingenuidade que se recusava a encarar mais a fundo . com as pálpebras entreabertas se estreitando ainda mais , a irritação as fazia palpitar , tomando o lugar da breve sensação de triunfo com a própria performance .
assim que as primeiras notas introduziram a música , as palavras iniciais proclamadas em melodia pela voz grave do ricci , e ele apontando em sua direção , a mulher desejou fazer como a canção dizia e empurrá-lo em uma piscina . olhares recaíam sobre suas reações , incapaz de serem contidas com indiferença , não quando camilo estava envolvido . antes que pudesse processar a sugestão lançada no ar , ele se aproximou , os dígitos quentes cingindo a pele do seu rosto . com a respiração contida em exasperação , exalou o ar irritado em um rompante assim que ele recuou . cogitava puxar matteo pelas palmas ainda unidas e simplesmente abandonar o moreno com todo aquele espetáculo , mas antes que pudesse oferecer um olhar sugestivo ao mais novo , mãos gélidas marcadas por todos os anos vividos se esgueiravam pelos braços de neslihan . com uma força surpreendente , a donna , com a expressão brilhando em intuito maquiavélico , a arrancava de seu assento . sussurrando reprimendas de como ela poderia deixar um partido tão bonito , gentil , e apaixonado , de lado para escolher um adolescente ? seria ela , por acaso , uma etarista ? as pontas das orelhas queimavam com palavras sufocadas , afinal , ela tinha respeito às experiências vividas , e os saltos raspavam o chão em protesto . com a matrona a empurrando para os braços , metafóricos , do ricci , não teve escolha a não ser encará-lo , as luzes iluminando o repuxar dos lábios forçado , que em nada velava os olhos que o fuzilavam .
no intuito de não assemelhar-se à personificação do homem de lata , desprovida de um coração diante do teatro de camilo , digno de um tony award , começou a enunciar as palavras junto dele . as orbes inflamadas prendiam-se às masculinas , exagerando mais um sorriso carregado de falso fascínio . ao tê-lo prostrado de joelhos em sua frente , um riso ameaçou escapar de sua garganta , mas o engoliu , optando por cravar as unhas sob os bíceps alheios e puxando-o para uma posição digna . ❝ eu vou te matar , e nenhum investigador neste mundo conseguirá recuperar todas as partes do seu corpo quando eu terminar . ❞ entre dentes , as palavras eram quase inaudíveis em meio aos aplausos e assobios que celebravam o drama que estrelavam . as bochechas doíam ao ter de manter os lábios dispostos no arco fingido — contrário aos dele , que se formavam em uma expressão de puro deleite — , e ao descer os degraus , desfez seu aperto , recusando-se a dirigir mais um olhar sequer ao ricci . sabia que ele a seguiria , nem que fosse unicamente para gabar-se da vitória que ele considerava conquistada .
sabendo que nem mais um minuto no bar seria passado sem que todos os observassem como peças vivas em um museu , neslihan pegou sua bolsa , depositando euros suficientes para cobrir seus martinis e seja lá o que matteo houvesse pedido . fazendo o loiro levantar-se e ajeitar a camisa de botões com um breve relance , virou-se para camilo . ❝ parabéns , você conseguiu trapacear no karaokê . eu diria que é admirável , não fosse tão lamentável . ❞ ainda tinha um pequeno sorriso fixo para os que os estudavam . ❝ agora , se me me permite , tenho mais o que fazer com a minha noite do que te entreter por mais um minuto , caro . ❞ ao dar as costas , curvou seu braço ao do seu primeiro acompanhante , seguindo para a porta , os passos pesados denunciando a irritação em suas veias . parando abruptamente , ergueu um dedo no ar , como se acabasse de lembrar-se de algo , e encontrou o olhar de camilo por sobre os ombros . ❝ ah , e pode entrar em contato com minha assistente para falar o que deseja como pagamento . ❞ com uma saudação cômica , retomou o caminho . agarrando-se com mais força ao loiro , um protesto deixou os lábios alheios , recebido com um revirar de olhos . as suspeitas anteriores se provariam verdadeiras não muito depois , matteo completamente imemorável e incapaz de apagar a ira provocada pelo ricci de seus pensamentos .
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flertar era fácil demais. e camilo adorava coisas fáceis! tanto em sua vida havia conseguido daquela maneira, e não acreditava ser demérito algum. por isso suas noites eram sempre repletas daquela que poderia ser classificada como uma de suas atividades favoritas, deliciando-se sempre com a troca nunca decepcionante de olhares interessados e palavras recheadas de duplo sentido que geralmente caminhavam para um final muito feliz. poderia ter adentrado o local e procurado pelo primeiro par de olhos brilhantes de desejo, e se o tivesse feito, àquela altura estaria provavelmente encontrando alguma maneira despretensiosa de adicionar um ou outro toque físico que fizesse o ideal trabalho de complementar cada uma de suas palavras sacanas. olhou em volta por pouco mais que dois segundos, imediatamente notando uma jovem loira sozinha — ela certamente serviria aquele propósito. quando retornou a atenção à neslihan, porém, o sorriso retornou aos lábios de uma forma mais sincera que as expressões de pura provocação até então. sim, ele poderia ter se distraído com outras coisas naquela noite; coisas mais garantidas, mais leves e certamente mais embriagadas. mas ah! havia alguma coisa simplesmente irresistível em um belo desafio. jogar aquele jogo, cuidadosamente estratégico e perfeitamente incitante, jamais o decepcionava. não com a gökçe. “acredite quando eu digo, não poderia estar mais ansioso para descobrir” e não duvidava mesmo de que ela fosse capaz de muito. uma força da natureza.
não se moveu quando ela se aproximou, mas apertou os dentes, travando um pouco a mandíbula inconscientemente. o aroma já notável se fez dolorosamente presente sob seu olfato, e conquistou um espaço no fundo da mente do homem. ele não esqueceria a fragrância tão cedo. atento à cada movimento da mulher como se somente houvessem os dois no estabelecimento, e a frase apenas não o satisfez mais do que a maneira que a perna da morena tocou a sua. era claro que ela entendia as intenções do ricci, o que por si só não mudava o fato de que ele ainda considerava uma vitória que fosse tão irresistível a ela engajar em mais uma batalha consigo, mas ainda reforçava o porquê nunca era decepcionante aquele cabo de guerra que os dois incansavelmente jogavam. as palavras alheias que seguiram não chegavam a atingi-lo, até porque em algum ponto, camilo apenas conseguiu focar no quão perto estava a boca bem desenhada da mais jovem. é, ele podia ter se ocupado aquela noite com qualquer outra pessoa, mas dificilmente alguma delas seria responsável pela adrenalina que ele sentia percorrer seu corpo. se camilo se movesse um centímetro que fosse, roubava-lhe um beijo. não o fez, porém, atendo-se às regras do jogo silencioso. observou-a soprar um beijo na direção de seu acompanhante; não se incomodou. ela podia fingir o quanto fosse, matteo era o peão ali.
camilo observou a apresentação com toda a atenção que esta merecia, sem deixar de notar o quão verdadeiramente agradável era a voz feminina. ele não precisava prestar atenção ao seu redor para saber que todos os olhares estavam fixos em neslihan, tal qual seu próprio. não se incomodou com a presença do loiro no palco, nem sua participação na performance. camilo ajeitou-se na cadeira, sentindo em sua perna um traço do breve toque de instantes atrás. sinceramente, para si, pouco impressionava a maneira que as mãos grandes do outro homem se encontravam em seu quadril, ou o jeito que distribuía beijos em seu pescoço; porque sabia que se fosse ele ali, não a permitiria se concentrar em nada além do seu toque. ao fim da música, a troca de olhares entre eles ainda era mais quente do que qualquer encostar de matteo. e se camilo estava fadado a terminar aquela noite sozinho independente do resultado da pequena aposta, então neslihan estava fadada a se frustrar buscando em outra pessoa uma faísca do fogo que havia entre os dois conhecidos. milo se ergueu ao final, batendo palmas como as tantas outras pessoas encantadas, e não evitou um riso diante da fala alheia. “e ainda sim, não parecem ansiosas para se livrarem dela” retrucou, sem fazer menção alguma de se afastar, até que a turca se sentou.
não deixou de notar a última provocação, e se matteo tivesse mais de um neurônio funcionando, ele também perceberia a forma ridícula que estava sendo usado. mas não se ocupou demais com aquele pensamento, ah, não! ele tinha uma aposta para vencer. subiu no palco sem demora e sem vergonha. só o que precisava era instigar o público, e sabia bem o que fazer, ainda mais em uma cidade tão carente de histórias românticas como khadel. enganava-se quem achava que o ego de camilo era grande demais para que ele se rebaixasse de algum modo, porque para conseguir o que quer, não tinha problema algum em se expor. “boa noite, pessoal! boa noite!” começou, obtendo algumas respostas animadas. “eu não costumo fazer isso, mas preciso de uma ajuda.” claro que ele não pediria palmas, ainda queria uma vitória justa. mas isso não significava que ele não poderia mentir para chegar lá. “tem uma mulher aqui que… roubou meu coração.” começou, do jeito mais dramático que ele sabia ser “e sinceramente, eu não sei mais o que fazer. ela continua pisando em mim, mas eu não aguento, eu sempre volto! então me ajudem a fazer ela me notar, pode ser? quem souber essa, canta aí comigo.” camilo foi até o responsável pelas músicas, sussurrando o pedido. tão logo a entrada animada de just the girl, do the click five, começou a tocar. com o início da letra, milo apontou na direção de neslihan, de modo que o público passou a dividir a atenção entre os dois, como se assistissem ao vivo um clichê ridículo de comédia romântica americana. a guitarra anunciou o refrão e ele pôde ouvir alguma senhora gritar para que ricci fosse até a turca. assim ele o fez, descendo as escadas do palco e se aproximando da mesa. se matteo não estava se sentindo um idiota antes, dificilmente tardaria a fazê-lo. conforme a letra avançava, tinha a impressão de que o bar inteiro os rodeava, interessado no que acontecia. não era todo dia que cantavam uma declaração (ainda que falsa) naquela cidade. a luz outrora no palco agora iluminava a mesa, e camilo se aproximou da jovem sentada, inclinado, e segurou a ponta de seu queixo com o indicador e o polegar enquanto cantava. “she’s just the girl i’m looking for” piscou-lhe um dos olhos e se afastou, retornando ao palco para seguir com a canção. engajados com a cena, camilo notou que uma boa parte cantava junto dele, ou ao menos tentava seguir a letra no telão. também percebeu que a mesma senhora que havia gritado antes agora caminhava até neslihan, insistindo que ela se levantasse, praticamente a empurrando de volta ao palco em que se encontrara minutos antes. se não estivesse ocupado com a própria performance, teria parado para rir. o segundo verso e refrão foram cantados diretamente para ela, e durante a ponte, colocou o microfone para a plateia cantar, como se fosse um cantor em seu próprio show. já no final, a volta do refrão agora vinha com ainda mais apoio geral, e na repetição do último verso, ele se jogou de joelhos, terminando a canção diante da gökçe, ouvindo a resposta à sua performance e sorrindo absolutamente satisfeito. podia até mesmo jurar ter ouvido alguém gritar por um beijo.
por mais que tudo em khadel parecesse mergulhado no caos , a gökçe não podia simplesmente permitir que o restante do mundo cedesse ao mesmo estado de histeria . os olhos ardiam em cansaço , resultado de um dia extenuante de reuniões consecutivas — começando na prefeitura e terminando com a tarde , e noite , em sua alma mater . respirar o ar expansivo de siena , que um dia chamara de lar , trazia um misto de familiaridade e sufoco , como se ao deixar a atmosfera de khadel fosse posto um fardo em seus pulmões , comprimindo-os e corroendo o tecido aos poucos . àquela altura , o junior elettrica parecia quase capaz de dirigir sozinha no trajeto entre as duas cidades e ela mal notava o velocímetro ultrapassar os limites italianos , mas também não se importava . a estrada , vazia e envolta em um silêncio inquietante , a recordava de um cenário de thriller , e o isolamento contribuía para a tensão palpável de pairava no ar .
foi então que um borrão de luz na mesma faixa que percorria capturou seu olhar , trazendo uma pontada de consternação . movendo o carro para o acostamento , o motor elétrico permanecia tão silencioso quanto a noite . só quando a figura encoberta pela escuridão virou-se em sua direção com agressividade perceptível , a lanterna revelando uma arma no aperto firme de mãos pálidas , que neslihan deu-se conta da extensão do risco que corria . sozinha , à beira de uma estrada , à noite . deveria ter ponderado melhor , e atribuía a falta de discernimento ao cansaço esmagador e os últimos dias que pesavam sobre cada terminação nervosa de seu corpo , ainda que adrenalina começasse a entrar em suas veias . mas então o tom feminino alcançou seus tímpanos , e os ombros relaxaram suavemente . ❝ bom , eu estava prestes a oferecer ajuda , mas se tem tudo sob controle , posso simplesmente seguir meu caminho... ? ❞ semicerrou as pálpebras contra o incômodo causado pela claridade do celular , que parecia perfurar sua retina . então a silhueta tornou-se reconhecível . o simples vislumbre foi suficiente para trazer à tona a memória da revelação da maldita cachoeira que tentava suprimir , um arrepio resvalando em sua espinha . ❝ ei , maxine . não percebi que era você... e então ? ❞ com o polegar indicou o próprio veículo , enquanto uma das palmas tentavam conter o brilho excessivo de incomodar ainda mais os olhos .
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max voltava do hospital em destino a khadel para descansar do dia tão caótico e cansativo, seus pés pareciam brasas de tão quentes e latejantes, mas, o que estava lhe incomodando mais era a fome. por um momento lembrou-se de que não tinha uma unidade de pão em sua casa para poder comer e precisaria ir até algum local para comer. o caminho era tranquilo, uma estrada bem iluminada e familiar, mesmo se mudando a pouco tempo e ficando poucos anos de sua infancia por lá ela sentia bastante familiariedade. ouvia uma playlist de relaxamento quando seu carro começou a engasgar até parar, max girou a chave do carro algumas vezes pisando na embreagem e o mesmo nem sinal. a morena desceu do carro, já havia desistido dos seus sapatos e seus pés tocavam o chão. ao abrir o capô para verificar se havia algo de errado, suspeitou que pudesse ser algo relacionado com a bateria e torcia para não ser o motor. com muita dificuldade em enxergar, max tinha a lanterna de seu celular ligada e em poucos segundos ouvira passos proximos em sua direção, ela virou-se para trás sacando da chave de seu carro, destampando um canivete disfarçado pelo chaveiro. "o que você quer?" levantou seu celular para iluminar o local e aliviou-se por ser um rosto conhecido.
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com um dar de ombros apressado , suspirou , o assunto da mais nova integrante de khadel era um tanto sensível para a gökçe . ❝ estão dizendo que a chegada dela foi o motivo para que todas essas "mudanças" acontecessem . ❞ as aspas saíam em uma entonação levemente enojada diante do assunto , interrompida pelo diminutivo que aaron insistia em relegar a olivia , que a agravava de forma quase instantânea . a linha tênue que ela insistia em andar entre os dois por vezes era exaustiva , dividida entre os polos que a atraíam . era demais pedir que algumas coisas retornassem ao seu estado de origem ? . ❝ uhum , quem provocou quem dessa vez e quem puxou o assunto do passado primeiro ? ❞ o tom era seco , ele sabia do seu posicionamento em relação à dinâmica entre duas pessoas que adorava . ❝ não duvido que está próximo de alguém dar um show por lá , levando em consideração os sentimentos aflorados dessa cidade . ❞ sorvendo o último gole do café e mordiscando mais um pedaço do biscotti , questionou se ousaria pedir mais uma xícara , ou se a agitação em suas veias já atingira o ápice . ❝ não , o meu papel aqui está feito , te atualizei sobre os absurdos rondando por aí , ingeri mais açúcar do que deveria e te fiz dar um sorriso . acho que posso começar o meu dia com o pé direito . ❞ ergueu as sobrancelhas de forma cômica , logo perdendo a batalha contra a própria força de vontade e rendendo-se a mais um ristretto . ❝ e fiz tudo isso antes de você sequer pedir um copo de água . ❞
Apesar do cansaço, Aaron sorriu de lado com a resposta da amiga. Nes sempre conseguia esse feito com ele, fazê-lo rir de coisas do cotidiano mesmo em meio à rotina puxada. Ao ouvir o nome de Vivianne, o seu interesse aumentou e ele não conseguiu conter a pergunta: "mas, calma, por que mesmo a forasteira está relacionada com isso? Me explica melhor", pediu. Blackwell sentia que muita coisa estava acontecendo na cidade em pouco tempo e era difícil de acompanhar. Quando escutou a última pergunta dela, ele deu de ombros. "O turno? Não sei, acho que foi tranquilo...", mais um movimento incontrolável de dar de ombros. "Sei lá". Ele se recostou na cadeira, cruzando os braços na frente do peito, sentindo o humor azedar só com a lembrança. "A sua amiguinha apareceu por lá. Ela foi para o bar e a gente acabou conversando." A palavra saiu forçadamente indiferente. "Ou discutindo, como você provavelmente chamaria". Ele balançou a cabeça, fingindo cansaço. Ou melhor, fazendo bom proveito do cansaço que já sentia e potencializando isso para a amiga. "Mas, fora isso...tranquilo. Sem grandes dramas no The Loft, thanks God. Pelo menos até a próxima vez que alguém resolver tornar o bar o epicentro de uma peça de teatro." Revirou os olhos, relembrando da cena de Olivia ao lado das amigas. Com um gesto despreocupado, ele voltou a pegar o cardápio que tinha abandonado antes, como se tudo o que dissera fosse só mais uma nota de rodapé no dia. "E você? Alguma outra bomba pra soltar ou essa já foi o suficiente por hoje?"
"My father tells me that I'm too loud but he hasn't yet figured out that I inherited it from him, that some traits were passed down to his daughters even though he wanted to see them in sons. Had I been a boy, he would've told me to shout louder, that the world wants to hear what man has to say."
o sorriso que surgiu enquanto acompanhava as reações de aaron às suas palavras irradiava autenticidade. assim como havia sentido em sua conversa com graziella , o alívio quase tangível de ter sua opinião validada por ele era inegável. em toda a sua capacidade mental , não conseguia compreender a resposta desproporcional e instintiva que as superstições acerca da maldição lhe provocavam. naturalmente , como qualquer mente racional , a ideia de acreditar em magia era absurda. o que escapava era a razão pela qual aquele mito específico a atingia de maneira tão visceral. inspirando internamente , um riso suave escapou de seus lábios ao ouvir a descrição carregada de acidez do blackwell. doenças mentais certamente não deveriam ser banalizadas , mas a absurda natureza da situação exigia uma pitada de humor distorcido. ❝ e a união será oficializada por um psiquiatra que também é padre aos finais de semana. ❞ os olhos reviraram em uma mescla de exasperação e ironia , antes de concordar com veemência. ❝ é claramente uma manchete sensacionalista. não me chocaria se fosse alguma família tentando encobrir algum escândalo , como tantas vezes já fizeram. ❞ replicando a respiração masculina , ponderou. ❝ ou então , alguém com algum tipo de questão em relação à vivianne. não que eu os culpe , a essa altura. quem quer que seja , provavelmente decidiu unir o útil ao agradável ao colocar os holofotes sobre ela. ❞ com um olhar breve para a xícara quase vazia à sua frente , solicitou outra , agora acompanhada de alguns biscottis , aceitando mentalmente que o treino de tênis teria que compensar os carboidratos excedentes. ❝ estão dizendo que ela é a catalisadora de tudo. ❞ meneando a cabeça em uma mescla de decepção e resignação , beliscou um pedaço da massa com amêndoas , suprimindo um suspiro de prazer ao sabor delicado. ❝ mas esses rumores à parte . ❞ mudou o tom , fixando o olhar no amigo com curiosidade. ❝ como foi o turno de ontem ? alguma novidade no the loft ? ❞ neslihan dificilmente se colocava como o epicentro de boatos , mas a perspectiva de aaron sempre trazia um frescor ao cenário que ela cuidadosamente observava à distância.
Aaron não sabia dizer muito bem como aquela amizade começou, mas, em algum momento, Nes havia se tornado uma constante tão sólida em sua vida que parecia impossível imaginar o mundo sem ela. Era como se ela sempre tivesse estado lá, assim como todas as tradições que eles passaram a adotar após mais de uma década de amizade. A amiga era uma constante, atravessando as diferentes fases ao lado dele com tranquilidade e, ao mesmo tempo, firmeza. Ela tinha a incrível habilidade de nunca levar seu mau humor a sério demais, como se fosse imune. E, embora ele nem sempre admitisse, havia algo reconfortante nessa dinâmica. "Honestamente?", perguntou, erguendo uma sobrancelha. "Eu não acredito nem um pouco". Aaron se debruçou sobre a mesa, totalmente capturado pela história. Mas ao invés de esperança, só vinha a descrença. "Porque, claro, todo dia a gente vê por aí dois pacientes apaixonados. Isso faz total sentido... Deve ser amor à primeira internação. Maldição quebrada, huh? Aposto que o próximo passo é eles se casarem no refeitório do hospital, logo depois da terapia de grupo." Ele soltou um suspiro cansado, balançando a cabeça. "Isso é só mais uma das mentiras que de vez em quando correm por aqui, aposto o que cê quiser".
a respiração que tomava era profunda e carregada de frustração . por vezes , questionava-se sobre o motivo de ainda se empenhar em mediar as tensões entre aquela amizade que , outrora preciosa , agora parecia trazer apenas desgosto . as boas lembranças vacilavam sempre que o assunto vinha à tona com aaron , e, embora ainda resplandecessem em sua mente , a cada dia a vontade de se apegar a elas se dissipava um pouco mais . era uma batalha incessante entre as convicções dele — que , a bem da verdade , eram justificadas — e a perspectiva de olivia , igualmente legítima , até mais dolorosa do que aquilo que ela e aaron haviam vivido . não que neslihan pudesse jamais confessar tal pensamento . não apenas porque sabia que ele interpretaria suas palavras de forma equivocada , mas porque prometera a liv manter silêncio . e , depois de tudo o que haviam enfrentado juntas , pedaço por pedaço dos anos cruéis que as moldaram , quebrar essa promessa estava fora de questão . ❝ sim , você considerou . no passado , e não é essa a questão . estou falando do presente . ❞ era irônico que ela insistisse para que ele deixasse o passado onde deveria permanecer — apenas como memórias — quando , no fundo , ela própria era incapaz de se desvencilhar dele . ❝ ace… pelo contrário , foi muito maior do que ela foi capaz de te dizer naquele momento . ❞ com um longo suspiro , permitiu que os ombros cedessem antes de pousar uma das palmas sobre a dele . a tensão vibrava do amigo como um fio prestes a se romper , e a gökçe detestava vê-lo assim , com os músculos retesados , consumido por emoções que lutava para conter . era como se observasse um reflexo de si mesma — alguém que , mais vezes do que gostaria de admitir , tentava desesperadamente manter a sanidade e os próprios impulsos sob controle .
❝ tenho certeza de que você pensa que a perdoei rápido demais e que , no fim das contas , ela apenas me considerou . mas foram anos . anos até que eu encontrasse uma brecha grande o suficiente para reconstruir parte do que nós duas perdemos . você realmente acha que , quando ela voltou , tudo se desenrolou como se nada houvesse acontecido ? claro que não . e , sinceramente , eu não estaria a defendendo se tudo tivesse sido tão superficial . da mesma forma que insisto em defender você para ela . ❞ apertou suavemente a mão masculina antes de retomar a postura impecável . observou-o por um instante , franzindo levemente o nariz diante do tom e dos gestos que não refletiam verdades , mas apenas uma resistência silenciosa . ainda assim , ofereceu um pequeno sorriso — desprovido de calor , mas de um humor resignado diante do leve absurdo da situação . ❝ aaron… ❞ meneando a cabeça em incredulidade , tomou fôlego mais uma vez , seu corpo inteiro se movendo com a profundidade da respiração . ❝ se você prefere acr— na verdade , esquece . posso te fazer um pedido ? e , como sua melhor amiga de todas as eras , espero que me conceda isso com sinceridade . ❞ após a última mordida no biscotti levou o guardanapo ao canto dos lábios , que relutavam em expressar algo além de descontamento, e hesitou por um instante antes de prosseguir . ❝ da próxima vez que encontrar olivia , pelo tempo que estiverem juntos , tente deixar os ressentimentos do passado no passado . é tudo o que te peço . ❞ alguém teria que ceder . e , naquele momento , apenas ele possuía essa capacidade .
❝ como você disse , tudo tem limite , e há muito venho sendo puxada para os dois lados . não posso me dividir infinitamente , e jamais escolheria um em detrimento do outro — ambos me conhecem o suficiente para deduzirem isso . no fundo , vocês também sabem que ainda há algo que merece ser rememorado , ou não fariam tanto esforço para se colocarem constantemente no caminho um do outro . ❞ não era um ultimato , tampouco uma nova confissão — àquela altura , era uma súplica , e ela ansiava , com todas as forças , que ele fosse capaz de enxergar o significado nas entrelinhas . após sorver o final do ristretto , esboçou um discreto sorriso antes de acenar para a atendente , solicitando o fechamento de sua conta e a de aaron . ele ainda estava no meio da refeição , mas neslihan julgava ter dito tudo o que lhe era possível e não via sentido em prolongar ainda mais as fisgadas que aquele assunto provocava nele . ❝ offro io . ❞ a afirmação veio suave , enquanto seus olhos permaneciam fixos aos dele , carregando um brilho sutil — que esperava ser um equilíbrio delicado entre desculpa e compreensão . ❝ preciso ir , ou o que deveria ser apenas uma hora extra no fim do dia logo se tornará três . buon appetito ! ❞ ao se levantar , passou por ele com naturalidade , pousando levemente a mão sobre seu ombro antes de seguir adiante .
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Aaron apertou a mandíbula, sentindo o peso das palavras de Nes. Ele odiava quando ela fazia isso—quando expunha as rachaduras da sua lógica como se estivesse apenas apontando o óbvio. Mas ao mesmo tempo, era por isso que ele a amava tanto. Gostava que sua melhor amiga não abaixava a cabeça para ele, mesmo quando estava no pior dos humores. Como aquele, naquela manhã. "Considerar um recomeço?" Ele riu, mas sem humor. "Eu considerei", disse entredentes, sem conseguir conter a frustração. Blackwell precisou fechar os olhos e respirar fundo, antes de continuar a falar, com mais calma. Comedidamente controlado. "Quando ela foi embora, considerei. Durante meses, anos, considerei. Mas tudo tem limite, porque em todas às vezes em que tentei...era como se estivesse tentando agarrar fumaça." Ele desviou o olhar, passando a mão no cabelo e bagunçando todos os fios, um hábito involuntário quando tentava conter a frustração. "Se tinha algo maior impedindo, ótimo. Mas nunca foi algo grande o suficiente pra ela sequer me dizer." Ele odiava falar sobre isso, odiava pensar que sua amizade não tinha sido suficiente para Olivia, enquanto a amizade de Nes sim. Porque cada vez que dizia em voz alta, ficava claro o quanto ainda importava para ele. Quando Nes perguntou por que ele escolheu lidar com Olivia, ele parou por um segundo. Sabia a resposta. Mas não queria admiti-la. "Sei lá", mentiu, dando de ombros. "Eu preferia que ela me evitasse, mas seria péssimo pra minha imagem ficar parecendo que estou recusando clientes. Sou profissional, não posso fazer isso." Ele ergueu uma sobrancelha, como se a resposta fosse evidente. "Ossos do ofício", tentou argumentar, ainda que essa não fosse a verdade inteira. Ainda que soubesse que Nes conseguia perceber a mentira. Ele poderia ter ignorado. Poderia ter mandado outra pessoa atendê-la. Mas não fez. Porque uma parte dele, por menor que fosse, apreciava as raras e pontuais interações que eles tinham.
FUBAR 1.05
look, i'm planted here, okay? what're you gonna do about it?
sob a penumbra das luzes fluorescentes , o coração de neslihan pulsava com uma intensidade incomum , como se buscasse , em seu próprio ritmo , uma fuga para o labirinto em que ela o aprisionara , amordaçado e vendado . seu olhar vagueava pelas feições que surgiam e desapareciam , tão volúveis quanto o bruxulear das velas , dançando ao sabor de um vento suave que acariciava o ambiente como um toque de afeição . a gökçe proferia as palavras por obrigação , a mente ainda presa nas sombras do que enfrentara por dias para conseguir o broche nas mãos de pasqualina . a entonação era tênue , como a convicção de que algo ali fosse verdadeiro , mesmo que o porta-retratos , com a fotografia de uma infância há muito vivida , parecesse irradiar calor para a palma única , ainda em cicatrização , que o mantinha em um firme aperto .
e então , a mesma sensação que a envolvera ao tocar o objeto guardado pelo gelo e pela neve ressurgiu em seu corpo , um peso ancestral sobre seus ombros e a atmosfera quase tangível que arrepiava sua pele , como se ela estivesse de volta às temperaturas glaciais . vozes , estranhas e desconexas , ecoavam em seus ouvidos , os timbres e falas imprecisos demais para fazer qualquer sentido — reverberando dolorosamente nos ossos femininos , simultaneamente misteriosamente familiares e estranhamente distantes . as íris que pouco antes haviam revirado diante da teatralidade de zafira , agora tremulavam por um motivo completamente diferente . a angústia por algo inexplicável substituía o oxigênio nos pulmões da turca , restringindo suas respirações com uma apreensão sufocante e desespero . os sentimentos não lhe eram estranhos , mas ali não havia razão aparente para existirem , bem como a sensação lancinante que se espalhava por seus nervos , fazendo as cicatrizes em sua palma vibrarem junto ao ombro deslocado em aflição aguda .
por uma eternidade que se estendeu pelo que pareceu ser um século , seu corpo se tensionava sob o vigor das emoções à deriva , até o cintilar muto de nove das velas se extinguir e cessar qualquer noção . para a única chama ainda acesa , alívio fisgou neslihan . com uma respiração profunda — a primeira talvez desde que tomara a posse de serena — , assentiu para si mesma , irritação retornando ao resvalar o olhar com o de camilo . mesmo que não acreditasse na encenação que se desenrolava , não era de seu feitio exalar ao universo o que não esperava que se concretizasse . ter os dois unidos , mesmo que por objetos pertencentes a um casal trágico do passado , era uma ideia desastrosa — especialmente considerando as reações que a simples presença dele vinha suscitando nela desde o jantar . não importava que um aperto se formara instantaneamente na base de sua espinha ao ver o brilho alaranjado da chama oscilando sobre a parafina de uma única vela . o que à turca realmente importava era que , mais uma vez , seu ceticismo havia sido validado , embora , dessa vez , às custas de olhares melancólicos e expressões abaladas de alguns .
@khdpontos
dance lessons @casacomune , with aaron !
spa day @studioaurora , with graziella !
al fresco meal @gazeboderose , with christopher !
dinner @ilgiardino , with camilo !
@khdpontos
os corredores da prefeitura não eram estranhos à presença de neslihan , ainda menos desde que aceitara a proposta do prefeito . no entanto , raramente se demorava ali , a mente sempre em ebulição , projetada a centenas de quilômetros na solução de problemas , enquanto seu tempo era meticulosamente cronometrado . pouco lhe importava que até mesmo seus clientes externos parecessem ter recebido o memorando sobre sua suposta identidade como uma das encarnações históricas de khadel , ou que seu cotidiano estivesse , cada vez mais , entrelaçado ao absurdo daquela maldição .
havia finalizado uma rodada de reuniões com antecedência e acelerado a entrega dos relatórios iniciais sobre as medidas a serem implementadas pelo município , tudo para liberar os dias seguintes para a viagem que aaron a arrastava , sob a demanda insana de zafira . retornava agora com um imenso copo de americano em uma das mãos , enquanto a bolsa e a pasta repousavam firmemente na outra . foi ao acessar a entrada lateral , exclusiva aos funcionários , que avistou a silhueta vagamente familiar de catarina no saguão , debruçada sobre o mapa exposto . naquele instante , não estava particularmente inclinada a interagir com mais um dos nove envolvidos no incessante drama que a atordoava e , por isso , optou pelo caminho mais longo até o salão de conferências .
seus saltos ecoavam pelo mármore no compasso da inquietação enquanto levava um gole profundo do café , concentrando-se no amargor revigorante da bebida , quando , ao dobrar um dos corredores , foi subitamente surpreendida por ninguém menos que a própria catarina , surgindo como uma aparição . não fosse pelos reflexos aguçados por anos de tênis e hipismo , o café teria banhado ambas dos pés à cabeça .
refletindo o passo que a outra dera para trás , neslihan curvou levemente os lábios em um sorriso polido , ainda que ligeiramente insincero . ❝ sei scusata . ❞ aquiesceu . sua natureza sempre fora inclinada à desconfiança , e algo na presença da marino despertava uma cautela instintiva . rápido demais a morena havia se infiltrado sob as defesas do seu melhor amigo — algo que , além dela própria e olivia , ninguém jamais conseguira — e , embora tivesse testemunhado o brilho singular no olhar de aaron ao lado da outra no giardino , neslihan precisava tirar suas próprias conclusões antes de aceitá-la como alguém importante , ou influente , ao lado de , e decente o suficiente para , o blackwell .
o arqueamento discreto das sobrancelhas denunciava a breve diversão diante da justificativa de catarina . minutos antes , vira-a analisando a disposição do edifício , e embora soubesse que nem todos tinham sua capacidade de memorizar um mapa com um único olhar , uma faísca nos olhos castanhos alheios indicava o contrário . de todo modo , não era exatamente estratégico iniciar um jogo de hostilidade logo na primeira interação — principalmente quando se desejava conhecer alguém antes de definir uma postura definitiva . e bem , talvez aquela fosse uma oportunidade para desvendar o enigma , ou ameaça , que a outra representava .
❝ catarina , certo ? prazer , neslihan . ❞ desta vez , o sorriso ganhava um tom calculadamente mais amplo , ainda carregado de um divertimento . ❝ claro , posso acompanhá-la até lá . e se me disser o que procura , posso indicar por qual sessão começar . ❞ fez um gesto sutil na direção do corredor de onde viera , quando na mente surgiu uma provocação . interrompendo o próprio passo , virou-se ligeiramente e , apontando com o copo fumegante para a direção oposta à que daria acesso aos arquivos . ❝ por aqui . ❞ declarou , sem alterar o tom .
antes das missões com @neslihvns
prefeitura de khadel
Curiosidade e criatividade é inteligência se divertindo, Catarina havia lido uma vez e as palavras haviam ficado com ela. Não apenas por sua memória eidética, mas porque ela sempre foi uma criança curiosa, criativa e inteligente, e isso não apenas virou um trunfo e uma profissão no seu futuro, como foi responsável por muitas das suas confusões. Por isso, independente do conto da carrochinha que a cidade alimentava sobre os reencarnados, Cat estava legitimamente curiosa sobre quem eram aquelas pessoas que alguns realmente acreditavam que podiam ser e tinha quase certeza que isso a levaria a muitas confusões. Como uma boa investigadora, ela estava disposta a ir fundo no assunto, independente do caos que causaria.
Havia começado um arquivo com cada um daqueles desconhecidos que agora pareciam fazer parte da sua vida de alguma forma, mas precisava também de um sobre o passado, sobre a história, sobre aquelas pessoas que um dia existiram. Não sabia o quanto os outros sabiam, mas ela não gostava de se sentir como a única que não estava por dentro de uma piada interna. Ela sempre precisava saber. Não havia um mistério que Catarina não pudesse resolver (talvez apenas o da sua própria família).
Na pensione, Cat havia tirado tudo sobre da parede e começado a pregar algumas informações. Fotos achadas online, informaçõe passadas por terceiros. Tudo — tudo — deveria estar interconectado de alguma forma. Não era simplesmente estranho que alguém havia lhe contratado para Khadel e, do nada, ela estava na cachoeira com um grupo de estranhos? Que seu cordão parecia fazer referência a Khadel? La città senza amore. Bateu um marcador nos lábios, olhando os post-its presos na parede, antes de decidir que ela precisava de mais informações. Nem tudo estava na internet, então ela iria old school.
Cat entrou na prefeitura, procurando onde eles mantinha os arquivos. Acreditava que podia convencer na lábia alguma senhorinha que trabalha lá, mas não iria dispensar completamente a ideia de furtar os documentos se necessário. Deixaria o plano aberto a adaptações.
"Ops, scusa," disse dando um passo para trás ao quase dar de cara com outra pessoa enquanto virava uma curva. Lembrava da morena da cachoeira, mas também lembrava dela por alguns olhares atravessados quando ela estava com Aaron. Não sabia se era algum sentimento de possessão que a outra tinha com o homem, ou se a posessão na verdade era uma obsessão, e talvez ela fosse apaixonada pelo outro. Neslihan. Havia achado o nome na legenda da foto de um jornal, com um homem que ela imaginou ser o pai da outra. Catarina não era boba. Era o momento perfeito para fazer a forrasteira perdida, a donzela indefesa, e ganhar o favor da morena. "Você sabe onde ficam os arquivos? Acho que me perdi." Catarina sabia exatamente para onde estava indo. Havia memorizado o mapa que ficava no saguão, mas podia utilizar do tempo juntas para entender quem era a mulher.
( @khdpontos )
𝒕𝒉𝒆 𝒂𝒄𝒕𝒊𝒗𝒊𝒔𝒕 ! neslihan gökçe , 29 , human rights lawyer . can you hear my heart beating like a hammer ?
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