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gucci . o nome era tão olivia . ao observá-la com o felino aninhado nos braços — bronzeados como os seus — , neslihan era invadida por uma sensação de serenidade . era curioso como , apesar da imagem que a boscarino projetava ao mundo , estar na presença dela lhe trazia um conforto que remontava ao primeiro instante em que foram colocadas lado a lado , tão pequenas , para se entreterem uma com a outra . o elogio velado arrancava um sorriso discreto , reforçando o sentimento de complitude . havia algo na cena diante de si — o pequeno corpo do gato já completamente entregue ao colo de olivia... a gökçe sempre confiara mais nos instintos dos animais do que nos julgamentos humanos e não era à toa que mark , virginia e chaz , assim como francis , henry e angela , adoravam a mais nova , mesmo que ela ainda insistisse em manter a postura meticulosamente calculada com eles .
com os dedos entrelaçados na pelagem irregular do filhote canino aconchegado no próprio aperto , quase pode sentir a inquietação vibrando no espaço entre elas . ❝ não… a armadilha era gucci mesmo . ❞ um riso breve e genuíno escapou de seus lábios avermelhados . ❝ talvez ele pudesse esperar mais um ou dois dias para te conhecer , mas julguei apropriado antecipar o destino inegável . ❞ com um gesto fluído , inclinou-se na direção da amiga , afagando as diminutas orelhas felinas marcadas pelo peculiar padrão de corações . ❝ o que vem a seguir é apenas um bônus… e , por favor , promete me ouvir antes de reagir ? ❞ esperou a confirmação , mesmo sabendo que , com olivia , as direções poderiam facilmente seguir caminhos opostos ao esperado . ❝ ontem soube sobre a… discussão entre você e aaron no the loft . não importa exatamente o que foi dito , nem quem provocou quem primeiro . ❞ os castanhos percorreram a expressão da boscarino antes de tomar uma longa inspiração .
❝ mas eu sei como você fica depois das conversas com ele . e , bom… posso ou não ter advogado a ideia de que , numa próxima oportunidade , ele permita que o passado permaneça apenas nas memórias distantes , sem trazê-lo à tona e apenas... tente . ❞ fixando o olhar ao dela , pendeu levemente a cabeça . ❝ e é exatamente isso que eu gostaria de pedir a você também . sei o que vai dizer — que ele é inflexível , teimoso , que nunca te deu uma chance de se explicar e que ainda insiste em te colocar como a pessoa mais vil a existir . mas acho que você é capaz de entender de onde esses sentimentos nascem . sei a falta que ele te faz , nós fomos partes essenciais um do outro por tanto tempo que perder qualquer um de nós criou um buraco impossível de preencher . você sentiu , eu senti . e ele também . ❞ não havia como negar o que foram — e , talvez , ainda pudessem ser . sem eles , neslihan talvez não estaria ali . e era essa certeza que a fazia persistir em consertar o abismo que os separava . com as reviravoltas e rumores impossíveis que vinham tomando conta da cidade , aquela missão já não parecia tão inalcançável assim . fazia uma anotação mental para sondar olivia sobre aquilo tudo , se alguém soubesse o que estava por detrás dos sussurros de khadel , era a musa . ❝ agora , o que me diz ? meus ouvidos são todos seus . ❞ ofereceu um sorriso suave ao arquear as sobrancelhas .
O apelido escorregou dos lábios de Neslihan com tanta naturalidade que Olivia quase não percebeu o impacto imediato que teve sobre si. Raggio di sole. Era irônico que ela tentasse se manter tão firme e controladora de sua própria narrativa, mas estava contendo seus instintos para não demonstrar o quanto aquele gatinho já a amolecia. Seria mesmo um raio de sol em sua vida, e na vida da felina já tão mimada e introvertida adotada há uns anos pela Boscarino. Aconchegou o filhote contra si, ignorando o modo traiçoeiro como seu coração reagia ao ronronar constante. Tinha plena consciência de que estava cedendo, como sempre acontecia quando Nes decidia testá-la, mas escolheu fingir que ainda lutava contra a corrente. — Olha só, Gucci, você já descolou a melhor advogada da cidade para te defender? — Já anunciou o novo nome do gatinho. O tom leve de uma brincadeira boba, mas que continha um elogio sincero. Olivia admirava a amiga de forma genuína, um dos poucos sentimentos positivos que ainda restavam em si. O olhar deslizou para a amiga exatamente no instante em que o pequeno cachorro praticamente se atirou contra seus pés descalços. Olivia sorriu, conhecendo a outra o suficiente para saber que ela já se sentia conectada ao inocente cãozinho. Já teria um lar, ela pensou. Primeiro ela notou a cena de Neslihan abraçando a bola de pelos desalinhada, depois para a expressão hesitante que se instalou no rosto dela. Talvez eu tenha deixado passar outro motivo pelo qual insisti tanto para que nos encontrássemos hoje em específico. A musa estreitou os olhos. O tom da amiga era carregado de uma delicadeza incomum, um peso sutil escondido entre as palavras. Era um daqueles momentos em que Nes tentava ser cuidadosa, como se pisasse em cacos de vidro para não assustar Olivia com algum assunto que ela, possivelmente, fugiria. Eram tantos, que ela mal conseguia pensar em qual opção seria.
Sentou no lugar indicado, de frente para a advogada, o filhote em seu colo se ajeitou, soltando um pequeno bocejo que interrompeu seus pensamentos brevemente. Olivia olhou para o animal, depois para o brilho dos olhos de Neslihan e para a expressão mal disfarçada de expectativa. — Ah, então essa era a verdadeira armadilha... — murmurou, escapando um riso arfado de quase nervosismo. As pessoas andavam falando muito sobre a maldição, e Olivia adorava a atenção, como todos bem sabem, mas não queria tratar desse assunto com alguém que a conhecia tão bem a ponto de notar todas as mentiras que vinha contando e perceber a sua vulnerabilidade sobre o tema. Cruzou as pernas com a elegância natural de sempre, e observou a amiga por um momento antes de inclinar a cabeça levemente para o lado. — Direto ao ponto, Nesi. — Pediu, com a intimidade que tinham, não precisava fazer rodeios nem conter a impaciência, mas ainda mantendo um tom suave.
observar os dedos de olivia deslizarem com reverência pelo pequeno corpo peludo fez com que um sorriso tenro se desenhasse nos lábios de neslihan . ela conhecia a essência da boscarino melhor do que ninguém , independentemente da imagem que olivia escolhesse projetar , e convencer , ao mundo . diante do questionamento sobre sua inclinação para testar os outros , um riso melífluo escapou entre elas . ❝ mais do que você é capaz de imaginar ! ❞ os lábios hesitaram em manter-se firmes , como se antecipassem a inevitável ruína daquele sorriso . o ronronar aquecendo sua palma , aliado à falsa indignação da amiga , fez com que a gökçe arqueasse uma das sobrancelhas , diversão cintilando em meio ao castanho avermelhado de suas íris . ❝ pode enviar todas as contas que quiser para o meu escritório . serei a advogada dele pelo tempo que precisar , não é mesmo , raggio di sole ? ❞ depositando o felino nos braços de liv , preparava-se para se acomodar em um dos pouf a sacco quando um pequeno latido desviou sua atenção . uma criatura diminuta , de corpo alongado e pelo arrepiado como se tivesse acabado de levar um choque , corria em sua direção . o cão , tão pequeno quanto o gato aninhado no abraço da mais nova , enroscou-se nos pés descalços de neslihan , e , como se aqueles grandes olhos tivessem uma conexão direta com sua alma , ela se abaixou para acolhê-lo junto a si . mais um . afagando o pelo áspero com a ponta dos dígitos , indicou o outro pufe colorido para a mais nova antes de murmurar , com uma cadência que misturava hesitação e expectativa . ❝ bom… talvez eu tenha deixado passar outro motivo pelo qual insisti tanto para que nos encontrássemos hoje em específico . ❞ dois dias consecutivos revisitando um passado que a ferira talvez não fosse o ideal , mas , ao contrário do que acontecia com aaron , olivia parecia ter um pouco mais tato na situação , ainda que irracionalidade não fosse difícil de ser percebida nos olhos alheios .
A luz natural que atravessava o amplo espaço conferia à cena um ar quase etéreo, e Olivia permitiu-se um momento de silêncio, absorvendo tudo ao seu redor. Não era como se nunca tivesse pisado em um lugar como aquele – ela já estivera em eventos beneficentes, participara de campanhas e, claro, posara para fotos estratégicas com animais resgatados. Mas Neslihan era diferente. Com ela, não havia câmeras ou expectativas externas, apenas um amor genuíno que se manifestava em cada gesto, em cada olhar devotado às pequenas criaturas. E Olivia, com toda sua precisão calculada, sabia reconhecer autenticidade quando via uma. Seguiu os movimentos fluidos da amiga com o olhar, observando-a se desfazer dos saltos com a mesma naturalidade de quem se livra de uma formalidade inútil. O contraste entre as duas era gritante – Neslihan se jogava de corpo e alma na experiência, enquanto Olivia hesitava à beira do envolvimento, como se temesse que ceder um milímetro significasse se perder completamente. Mas então o filhote em seus braços abriu os olhos, e Olivia sentiu o impacto imediato. Verde e azul. Como se a própria natureza tivesse decidido brincar de artista em uma tela minúscula e viva. A pequena criatura não apenas a olhava – ela a estudava, com uma intensidade absurda para algo tão pequeno. O que era para ser apenas um olhar passageiro durou mais do que Olivia pretendia, e quando percebeu que estava genuinamente encantada, tentou recuperar a compostura com um suspiro resignado. “ Ótimo. Agora até um gato está me analisando. ” Mesmo enquanto falava, sua mão já se movia sem que precisasse ordenar, os dedos deslizando suavemente pelo pelo macio, experimentando a textura, sentindo o calor. Chanel nunca fora do tipo carente, mas Olivia sabia que talvez fosse isso que a mantivesse confortável – um reflexo de sua própria independência forçada. E agora Neslihan a empurrava para outro abismo, um que a musa ainda não sabia como sobreviver. Ergueu os olhos para a amiga, a expressão cuidadosamente impassível, mas o brilho sutil de diversão traía sua tentativa de indiferença. “ Você se diverte demais me desafiando, não é? ” O tom era quase acusatório, mas carregava a familiaridade de quem já sabia exatamente onde aquela conversa terminaria. Nes, sempre disposta a testar seus limites, e Liv, sempre fingindo que não cedia – até ceder completamente. “ Chanel já era adulta quando veio para mim. Esse aí... é um bebê. Deve fazer a maior bagunça. ” Resmungou uma última vez, até ouvir o gatinho ronronar debaixo de seus dedos, como se já tivesse decidido o próprio destino. Olivia suspirou. “ Se ele arranhar meus móveis, eu te mando a conta. ”
o riso genuíno de olivia era como um pequeno presente , meticulosamente envolto no mais intrincado dos papéis . e a percepção , longe de dissipar-se , apenas intensificava o próprio entusiasmo . por tanto tempo estiveram privadas daquele dinamismo que conheciam com a mesma intimidade da palma das mãos , e neslihan sentira . se fosse honesta consigo , ainda percebia os resquícios do que as afastara insinuando-se silenciosamente em seus sentimentos , no entanto , não era algo em que se permitia delongar , não quando algo muito mais premente as aguardava a cada nova oportunidade . ❝ bom , eu não ficaria impressionada . sei e confio no seu potencial para realizar algo verdadeiramente significativo . ❞ não era mero elogio , tampouco um jogo de palavras . tratava-se da mais pura verdade . embora a boscharino não fosse mais o reflexo exato daquela com quem cresceu — e , graças aos cosmos , ela própria também não — , certas essências permaneciam , imutáveis mesmo diante das inúmeras mudanças , das adaptações , e apesar da forma renovada com que ambas passaram a enxergar o mundo . ❝ eu sabia que uma nova companhia para chanel seria a oportunidade perfeita . ❞ permitindo-se replicar o gesto exagerado de olivia , mas adicionando um sorriso que parecia ter se enraizado em seus lábios , virou-se na direção da estrutura pivotante . ❝ o único desastre , e , francamente , um crime , será se você não se apaixonar por todos eles e quiser levar cada um para casa . ❞ lançou por sobre o ombro , enquanto atravessava a primeira das portas , desviando à esquerda para abrir acesso à sala onde se dedicavam ao enriquecimento ambiental dos filhotes . ❝ e aqui está o mais próximo que talvez possamos chegar do paraíso . ❞ os braços gesticularam para o amplo espaço , organizado em seções por espécie , banhado pela luz natural que entrava através das imensas paredes de vidro voltadas para os jardins . na área externa , os animais mais velhos se entregavam a diversas atividades , salpicando o verde com movimentos cheios de vida. com um aceno cordial oferecido ao par de voluntários no final do recinto , descalçou os saltos , deixando-os displicentemente ao lado da entrada . sem hesitar , apressou-se em direção à melodia suave de pequenos miados que a saudavam da forma mais adorável possível . sentindo a presença da amiga logo atrás , ajoelhou-se , deixando que os dígitos alcançassem o calor delicado de um corpinho felpudo , quase inteiramente branco , não fossem as sutis manchas amarronzadas em uma das patas e o padrão peculiar que lembrava diminutos corações subindo até uma das orelhas . aninhando-o junto a si , ergueu-se , ternura evidente no gesto . ❝ esse aqui é , sem dúvida , o ser mais precioso que já vi em todos esses anos . ❞ murmurando , os lábios curvavam-se de leve . ❝ e se você não sair daqui com ele na bolsa e mais brinquedos do que um filhote poderia precisar, prometo mudar meu nome… mais uma vez ❞ tentava manter o tom sutil , mas o movimento de suas mãos era suficiente para despertar a pequena criatura em seus braços , que abriu os olhos , um verde e o outro azul , e os fixou diretamente nos de olivia .
Deixou que o sorriso de Neslihan se refletisse no seu próprio, mesmo que fosse quase imperceptível. Era impossível não ser contagiada pela energia da amiga, mesmo que mantivesse a fachada de controle absoluto. Enquanto a outra se desfazia de suas camadas de roupa e abraçava o ambiente como se fosse uma extensão de si mesma, Olivia observava cada movimento com atenção calculada, uma habilidade refinada com anos de prática. Era fascinante como a outra parecia genuinamente feliz com algo tão mundano quanto um abrigo de animais. “ Arquitetando futuros improváveis? ” Olivia repetiu com uma risada baixa, girando o copo de café vazio entre os dedos. “ Francamente, isso parece um eufemismo. ” A atitude radiante de Nesi contrastava tanto com o mundo meticulosamente planejado de Olivia que era quase reconfortante – como um lembrete de que nem tudo precisava ser milimetricamente controlado para funcionar. Mas é claro que ela jamais admitiria isso. Quando a amiga mencionou "aproveitar da legião de adoradores", Olivia riu de verdade, um som raro e musical que atraía atenção. “ Ah, claro, minha legião de adoradores! Você sabe que é só eu postar um story de onde estou, que meia dúzia, pelo menos, aparecem aqui, certo? ” Ela deu de ombros, ajustando os óculos escuros agora pendurados no decote da blusa, aquela falsa modéstia que parecia lhe cair muito bem. “ Eu ficaria impressionada comigo mesma se conseguir convencê-los a voluntariar em algo útil. ” Quando ouviu a outra finalmente admitir que se tratava de mais uma de suas "adoções encorajadas", Olivia soltou um suspiro teatral, levando a mão à testa como se estivesse exausta. “ Não seria ruim se Chanel tivesse uma companhia. ” Ela estreitou os olhos, fingindo desconfiança, mas havia um brilho de diversão ali. Gatos costumavam ser independentes, o que era ótimo para Olivia, sempre ocupada e não muito carinhosa, mas a companhia da gatinha lhe fazia bem, mais do que estava disposta a admitir. Enquanto Neslihan indicava as portas do abrigo com uma empolgação quase infantil, Olivia hesitou por um segundo, deslizando os óculos de volta ao rosto como se aquilo pudesse protegê-la de se envolver demais. Não que fosse admitir, mas havia algo na paixão desenfreada de Neslihan que fazia Olivia se sentir... vulnerável. “ Tudo bem, ” disse finalmente, levantando-se com a mesma graça ensaiada de sempre. “ Mostre-me suas pequenas criaturas e me convença de que isso não vai ser um desastre total. ”
a diversão que iluminava o rosto de olivia despertava uma resposta inevitável e semelhante em neslihan. as lembranças que fervilhavam entre elas pareciam quase instintivas , um desfile de memórias afetivas que reavivavam a familiaridade construída entre infância e adolescência. a gökçe sequer se atreveu a retrucar sobre a pontualidade , a ideia de fazer os outros esperarem por si a fazia estremecer. um sorriso , amplo e sincero , desenhado até as extremidades do rosto , e um riso, carregado de puro deleite , transbordaram antes que ela desse de ombros com leveza. ❝ eu ? elaborar planos mirabolantes ? jamais ! apenas arquitetando futuros improváveis que sei que sou plenamente capaz de poder transformar em realidade ! ❞ exclamou com teatralidade , enquanto estalava a língua em uma falsa reprimenda , as íris cintilando com uma energia que mal conseguia conter. ❝ quem disse que meu verdadeiro objetivo não é apenas aproveitar da sua legião de adoradores e transformá-los nos meus novos voluntários ? ❞ com um gesto casual , retirou o blazer e o sobretudo , entregando-os a carina junto da bolsa , antes de enlaçar o braço ao da mais nova com naturalidade. o sorriso , se é que era possível , tornou-se ainda mais radiante enquanto se aproximava. ❝ como se alguém fosse acreditar. ❞ uma risada curta escapou , piscando com uma expressão de inocência calculada. ❝ é claro que é mais uma adoção fortemente encorajada por mim. mas me diga , não foi a melhor decisão que tomou recentemente ? ou estou errada em estar completamente certa ? ❞ mordiscando levemente o lábio inferior , como se tentasse conter a euforia crescente , indicou com um gesto as portas que separavam os animais e a clínica dos escritórios e da recepção.
Sentada à mesa, pernas cruzadas com a elegância ensaiada que parecia inata, mas que era, na verdade, fruto de anos de treinamento e expectativa alheia. Os óculos escuros protegiam mais do que apenas seus olhos da claridade do dia; eram um escudo contra a inquietação que ameaçava transparecer. Neslihan estava atrasada, o que era totalmente incomum para a tão organizada advogada, e Olivia quase chegou a se preocupar. Quando seu olhar finalmente captou a figura familiar, ergueu uma sobrancelha, um meio sorriso brincando em seus lábios. A mulher estava visivelmente apressada, quase atrapalhada em seus saltos altos que nunca foram feitos para a correria. Parecia tão diferente da garota que Olivia conheceu na infância, mas ao mesmo tempo exatamente igual. Havia algo reconfortante em ver como algumas coisas nunca mudavam, o pensamento arrancou um sorriso nostálgico da musa. Quando a outra entrou, falando rápido e gesticulando como se estivesse tentando justificar um crime terrível, Olivia inclinou a cabeça levemente, tirando os óculos com uma precisão calculada. “ Relaxa, Nes. Eu já te fiz esperar muito mais em outros momentos. ” Não resistiu a uma risadinha divertida com o pensamento. Enquanto uma era extremamente pontual e responsável com seus compromissos, a outra adorava a atenção recebida por chegar depois de todos. Não importava o tempo ou a distância, havia algo na dinâmica entre as duas que nunca desaparecia, como se os anos de separação ou afastamento não pudessem apagar completamente os laços que compartilharam. “ Então, qual é o plano mirabolante que você armou desta vez? ” perguntou, ajeitando o cabelo enquanto olhava para Neslihan com um misto de desconfiança brincalhona e genuína curiosidade. “ E por favor, me diga que não envolve adoção, de novo, de alguma criaturinha que você resgatou. ”
partner in justice : @oliviafb !
o ritmo apressado dos passos denunciava o nervosismo que corroía neslihan diante de seu evidente atraso. cada minuto perdido parecia uma afronta à sua agenda meticulosamente planejada , onde os compromissos se entrelaçavam com precisão cirúrgica. a mera ideia de desperdiçar um segundo era quase risível — e , no entanto , ali se encontrava , quase meia hora além do combinado com olivia , cujas as suas insistências para aquele encontro haviam sido tão persistentes quanto conhecidas. afinal , ambas sabiam o que as aguardava , tendo trilhado aquele exato caminho antes. supostamente , deveria estar vestida de maneira casual — ou tão próxima de casual quanto seu closet permitia , mas lá estava , com a questionável decisão de permanecer com os saltos profissionais. cogitou brevemente retornar ao carro e abandoná-los antes que se tornassem instrumentos de desastre , tal desvio , no entanto , apenas adicionaria mais dez preciosos minutos à conta de seu atraso. restava , então , a opção de descartá-los na entrada ou ser extremamente cautelosa. quando finalmente o lúdico edifício surgiu no horizonte , um sorriso instintivo tomou-lhe os lábios , acentuado pela reconfortante explosão de cores que aquecia seu espírito. o alívio se instalou momentos antes de seus olhos captarem a figura do outro lado da fachada de vidro. murmurando desculpas ainda inaudíveis , acelerou os passos para consumir a distância restante , atravessando a porta com presteza quase teatral. ❝ eu sei, eu sei ! estou terrivelmente atrasada , liv , eu sei… mas juro que estou a um triz de enlouquecer ! ❞ exalando um suspiro , cumprimentou-a com um beijo em cada bochecha , e uma nuvem do próprio perfume , antes de voltar sua atenção e expressão sorridente a uma das responsáveis , cuja presença usualmente adornava a recepção. ❝ carina , nós duas sabemos quem olivia veio encontrar , mas para ela é uma completa surpresa. ❞ piscou de forma exagerada , a voz carregada de humor. ❝ está preparada? ❞ a energia que emanava era contagiante , com o coração batendo em um ritmo acelerado de pura animação.
@khdpontos